Depois dos hoteis, cães e outros bichos de estimação ganham lugares para passar o dia longe da "mamãe" ou do "papai"
Por Daniela Costa
Primeiro foram os pet shops com banho e tosa. Depois, os hoteizinhos, seguidos dos salões de beleza e até cemitérios e restaurantes próprios. Em Belo Horizonte, a novidade agora no mundo dos pets são as creches, principalmente para cães e gatos.
Mas como elas funcionam? Basicamente, é como uma creche que todos conhecemos, mas direcionada ao animal. De manhã, o dono deixa o cão ou o gato no local, sai para o trabalho e pega o bicho no fim do dia. Em geral, assim que chegam ao estabelecimento os cachorros passam por uma inspeção. Assim, são verificadas lesões de pele, existência de pulgas e carrapatos, entre outros problemas. Em algumas das creches cada um tem seu espaço individual. “O que não significa que eles estejam presos em gaiolas sem chance de se locomover ou comunicar”, diz Patrícia Cibele Rezende, dona do TxuTxu Cão, no bairro Sion. Em outras, ficam livres em áreas verdes.
As semelhanças entre os hoteizinhos e as creches são muitas. Não por acaso, a maioria dos estabelecimentos oferecem os dois serviços. A diferença básica está no tempo em que o bichinho fica hospedado. Nos hoteis, ele fica alguns dias, mas eventualmente. Nas creches, a hospedagem se dá apenas por algumas horas, mas é diária.
O fato de o dono levar seu animal à creche praticamente todo o dia garante um preço menor do que o cobrado pelos hotéis. Em média, a diária da creche é de 50% a 100% menor. “É mais barato porque o dono geralmente fecha um pacote quinzenal ou mensal”, afirma Patrícia Rezende.
Outra diferença está no tratamento dado ao animal. Como estará lá praticamente todo dia, o cão não fica isolado e interage com outros bichos – fica ‘amigo’ deles, já que os vê todo dia. “Os cães não são animais solitários, estão acostumados a viver em grupo. As creches possibilitam que eles se sintam em família, o que do ponto de vista psicológico é muito saudável”, diz o terapeuta canino Humberto Araújo.
Na Txu Txu Cão, por exemplo, os animais se encontram e brincam conjuntamente três vezes ao dia. Também fazem um passeio fora da creche e se divertem em uma espécie de playground. No fim do dia eles são entregues de banho tomado aos seus donos.
Tantos mimos agradaram Milena Branquinho, procuradora do estado de Minas Gerais Minas Gerais (original name) Minas Gerais . “Tenho uma cachorrinha da raça dachshund, de nove anos. Em 2008, a Brida teve hérnia de disco e perdeu os movimentos das patinhas traseiras. Por isso, hoje ela utiliza uma cadeirinha de rodas própria”, diz Milena. Ela, que viaja muito a trabalho, sempre teve receio em deixá-la com terceiros. Nas creches, está um pouco mais tranquila. “Tranquilizei-me porque sei que os cães não ficam presos em gaiolas e são bem cuidados”, afirma.
Na Cãopanhia, os animais também possuem o seu espaço individual e praticam atividades como passeios e brincadeiras. “A maioria dos cães que chegam aqui são criados em apartamento e não têm espaço para brincar ou lugar para tomar banho de sol”, diz Lenita Micelli, dona do pet. A professora Diná Caúla está satisfeita com o tratamento dado ao seu maltês e sua fox paulistinha. “Eu sei que eles são bem tratados porque sempre voltam super alegres, abanando o rabinho”, brinca.
São observações importantes, segundo Adriane Pimenta da Costa Val Bicalho, veterinária da UFMG. “Elas indicam que o proprietário está atento ao seu animal”, afirma. Mas a própria Adriane Bicalho alerta: “É preciso tomar cuidado, pois é um problema sério tratar os cães como seres humanos”. Para ela, os donos devem evitar dar muitos banhos em seus cães, usar perfumes, roupas, sapatos, pintar unhas e outras extravagâncias. “Isso na verdade os prejudica ao invés de ajudar”. Já o cuidado com a saúde dos animais é importante. Principalmente quando estão em contato uns com os outros e correm o risco de adquirir doenças, como a tosse dos canis, micoses e infestação por pulgas.
Adriane Pimenta da Costa Val Bicalho é professora do Departamento de Zootecnia da EScola de Veterinária da UFMG.
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