Mas obras que marcam a herança portuguesa estão em más condições de conservação

Walter Sebastião – EM Cultura

O azulejo é material bem conhecido. Mas a arte feita com essa cerâmica esmaltada, tradição bem brasileira, ainda é pouco conhecida. Mesmo Belo Horizonte, que tem obra-prima reconhecida mundialmente: painel de Portinari para a Igreja de São Francisco, na Pampulha. Há mais, como o painel do Detran, dos anos 1950, hoje em situação precária, com rombo no meio da imagem. Pintura desconhecida é História da loteria, que só voltou à luz recentemente graças à ação dos bombeiros, que retiram madeirame que, durante anos, escondeu a pintura.

“Painel em azulejo é arte aplicada, que gera admiração. Como está fora do museu, fica sujeito a não ser percebido como arte”, explica o artista plástico Alexandre Mancini, que trabalha com azulejo de arte. Em um passeio guiado por Belo Horizonte, ele ajuda a conferir algumas preciosidades do acervo da cidade. “É arte gentil, que chama a leveza e a cordialidade. Nunca vi azulejaria agressiva”, afirma. Musico (é do The Folsons, que lança disco em breve), sugere a quem quiser repetir a rota uma trilha sonora no i-Pod: Zimbo Trio, Quarteto em Cy, Luiz Carlos Vinhas, Baden Powell, Oscar Castro Neves e todo o pessoal que faz samba-jazz.

O passeio começa com Alexandre Mancini chamando a atenção para duas residências, no Bairro Mangabeiras, que têm fachadas externas feitas de azulejos. Trabalhos, observa, provavelmente da virada dos anos 1970 para 1980, que muitas vezes passam despercebidos. O motivo da escolha: “São obras criativas, que se integram bem à arquitetura, dando leveza à construção. Que tira o peso de paredes de cimento, ásperas e frias, transformando-as em espaço para arte”. Estão nos painéis características da azulejaria moderna brasileira que não se repetem em outro lugar do mundo: composições abstratas, geométricas, com formas simples. O avesso da visualidade carregada do barroco”, observa.

Painel de azulejo, conta Mancini, é arte inventada pelos modernos, como se pode ver no conjunto arquitetônico da Pampulha. Que permanecem na cena contemporânea. Exemplo, aponta, pode ser o trabalho de Silas Raposo para a Escola de Veterinária da UFMG. Ou o Edifício Le Corbusier, de Jô Vasconcellos e Éolo Maia, na Rua Ceará. “Se os arquitetos modernos usavam para afirmar presença forte da arte na construção, quem vem depois deles faz uso da funcionalidade do material”, conta. Alexandre lembra que azulejo é bom para revestimento externo, observa. Para Alexandre Mancini, além das obras públicas, é possível que exista em Belo Horizonte outras obras importantes no interior de residências.

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